quarta-feira, 22 de setembro de 2010

• Devaneios •

Recentemente questionaram-me sobre qual modo de vida seria o melhor:

O da cigarra, que passa o verão todo cantando e se divertindo sem se preocupar com o futuro. Vive intensamente, aproveitando a cada instante o momento presente, contudo quando chega o inverno - quando as coisas se tornam difíceis - depende da boa vontade e da ajuda de outros para manter sua vida, por não ter se preparado para tal situação.

Ou o da formiga, que passa todo o verão trabalhando, dando duro, fazendo economias e planejamentos para o futuro. Aproveita pouco, porém quando o inverno chega, pode desfrutar de todo conforto e fartura, não dependendo de ninguém para viver.

Ambas possuem pontos positivos e negativos, a cigarra aparentemente mais ingênua, insensata e imatura; a formiga mais consciente e ponderada. A mim, esta última representa alienação, pensa tanto em seu futuro de modo que acaba por não viver o presente e, por mais que venha a ter conforto e riquezas, não creio que terá realmente alcançado a felicidade. Devemos viver como a cigarra, intensamente, aproveitando cada momento, cada sensação, cada nova experiência, afinal não sabemos se chegaremos ao inverno e se o alcançarmos, poderemos dizer com orgulho que já vivemos, verdadeiramente, e que fomos felizes.

Não digo que não devamos pensar no futuro, ou trabalhar por um futuro melhor, longe disso. Entre a cigarra e a formiga, opto por viver como a primeira, mas somos livres e a liberdade não consiste em poder escolher entre dois caminhos - isto é limitação - mas em criar, você mesmo, um terceiro.

Quem sou eu para dizer o melhor modo para viver? Não há receitas ou manuais de instrução para a vida, simplesmente vida. Acerte, tropece, erre, mas viva - que seja intenso!

sábado, 11 de setembro de 2010

- ¿ -


O homem é a única criatura que se recusa a ser o que é - já o dizia Albert Camus

Mas qual o motivo dessa recusa, dessa auto-negação?

Será por medo, ou ainda... por vergonha?

Vergonha de assumir que é um mero animal, que em nada difere dos demais - exceto por sua estupidez racional e seu prazer pelo sofrimento alheio.

Vergonha de aceitar-se como tal e perceber que está incorrendo num grande erro - vivendo no absurdo - matando a si mesmo, destruindo a um mundo do qual faz parte.

Medo de adimitir que é movido por impulso - alucinado - e pelos mais primitivos instintos; que não é senhor de si, tampouco do meio em que vive

- medo de adimitir que não é um deus!