sábado, 4 de dezembro de 2010

Fim de tarde

Caminho lentamente, os carros passam por mim - correndo. Um barulho estonteante, buzinas, fumaça... os pássaros voam assustados.

As pessoas têm pressa, esbarram-se umas nas outras sem mesmo perceber e, se precebem, estão com pressa demais para olhar para trás.

Cada um em seu próprio mundo, sua própria realidade, pensando em seus problemas ou na música que toca em seus mp3.

Todos têm pressa. Vão chegar em suas casas, prostrar-se ante a tv por algumas horas, antes de dormir para, no dia seguinte, recomeçarem sua vazia e monótona rotina.

E eu aqui caminhando... lentamente. Mais a frente um mendigo reparte um salgado que acabara de ganhar, com um vira-latas. Os dois brincam - alegres.

Enquanto isso, no meu mp3 toca Nando Reis "O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou..."

A música é interrompida pelo som estridente de sirenes. Um acidente! E de repente todos se esquecem de seus problemas e compromissos, sacam logo seus celulares e começam a filmar a tragédia. Pronto! Têm assunto para o resto do dia. Um tempero para suas vidas insossas.

Sigo caminhando. O sol se pondo. A brisa fria anuncia a noite que pede para chegar. Observo aquelas pessoas e tudo ao meu redor. Penso, tudo isso é absurdo! Mas é só um dia como outro qualquer.

No mp3 Lenine canta "A vida não para" e eu sigo, lenta e eternamente, caminhando...